Um livro, várias loucuras.



   É impressionante como o livro “A divina comédia” de Dante Alighieri vem influenciando seus leitores desde que foi escrito. O livro é protagonizado pelo próprio autor e conta a história de um sonho que ele teve em que sua mulher Beatriz, que já havia falecido, pede para que ele a encontre no céu, mas ele acaba descobrindo que não é um caminho tão curto, primeiro ele precisaria passar pelo inferno com a ajuda do poeta Virgílio (o mesmo que descreveu quase tudo que sabemos sobre o povo na época do Império Romano) que ali estava condenado no primeiro círculo conhecido como Limbo, assim como muitos outros poetas, filósofos e cientistas que não haviam sido batizados como cristãos.
   Depois de ultrapassar todo o inferno graças ao seu guia e de presenciar sofrimentos terríveis por onde andava, Dante chega ao nível intermediário da cultura cristã no que diz respeito à vida após a morte, o purgatório. E assim ele vai seguindo até chegar ao céu. Muito bem, esse post não é para fazer uma sinopse ou resumo do livro e muito menos dar "spoilers" a respeito do mesmo, quisemos apenas deixar quem ainda não o leu, por dentro da história, mas o mais interessante foi como ele provocou estranhas obsessões nas pessoas que vêem lendo-o desde então.
   Um famoso boato a respeito desses leitores foi Sandro Botticelli, um famoso pintor italiano que passou quase toda sua vida fazendo magníficas obras renascentistas e muitas vezes pagãs, como o Nascimento de Vênus, alguém até então, pelo que se observava, era totalmente desgarrado da religião. Dizem que ele foi apresentado ao livro e que devorou página por página mais de uma vez, ficou realmente obcecado por ele. Daí ocorreram mudanças drásticas em suas idéias e filosofias de vida. Ele tornou-se discípulo de um monge beneditino e todas as suas obras passaram a ser religiosas, como trabalhos em igrejas, catedrais, basílicas e a ilustração do Divina Comédia, com um tom um tanto quanto gótico e sombrio que até hoje permanece como a ilustração mais fiel do inferno com todos os seus círculos divididos (imagem ao lado - retirada do site http://www.italica.rai.it). Capelas, basílicas e igrejas de todo o mundo ainda conservam suas magníficas obras.
   Por vários anos o Divina Comédia só era encontrado com as ilustrações de Botticelli. Daí então um famoso poeta inglês, resolveu pegar um trabalho como ilustrador desse tão misterioso livro, esse era William Blake. Blake desde pequeno afirmava ter visões sobrenaturais, tanto é que uma vez contou a seus familiares que vira anjos pendurando lantejoulas em galhos de árvores e, mais tarde, observava trabalhadores rurais, disse ter visto figuras angelicais caminhando entre eles. Sempre foi um cristão fervoroso e a bíblia inspirava a maioria de seus trabalhos.
Dante e Virgílio nos portões do Inferno - William Blake
(Imagem retirada do site 
http://www.traco-freudiano.org/)
   Blake começou a ilustrar o livro e de uma forma ainda mais distorcida, mórbida e forte e assim, como Sandro, ficou fissurado pelo mesmo. Trancou-se na sua humilde casa em Londres e de lá não saía mais, seu estado de saúde tornou-se grave e ele morreu não conseguindo terminar a obra, quando o encontraram morto, segundo boatos, ele estava debruçado em cima do livro. Morreu pobre, com dívidas, e seu funeral foi pago pelo homem que havia o contratado para as ilustrações (dedicaremos um posto especial a William Blake).
   No mundo atual surgiu uma conversa de que músicos, poetas e escritores do mundo todo haviam se isolado de tudo e de todos, carregando apenas um volume do livro. Ninguém sabe ao certo o que faz com que esses leitores fiquem tão obcecados, talvez o medo do inferno ou talvez estejam procurando uma forma de fugir dele. Digo a vocês, eu já li várias vezes e não consegui achar nada, então deixamos aqui essa dica de leitura para você, claro, se você acreditar no inferno é melhor dormir com a luz do corredor acesa e rezar bastante após terminar. 


                                              Equipe Partícula Elementar.

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